Trem é convertido em UTI móvel e transporta pacientes intubados com Covid na Itália

Para ajudar a desafogar o atendimento nas redes hospitalares, o diretor do Departamento Regional de Emergência e Urgência (AREU) da região da Lombardia, o médico Alberto Zoli, 65 anos, teve a ideia de transformar um trem desativado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na Itália. A ideia surgiu há um ano quando a Itália era o centro da pandemia Covid-19 na Europa e foi possível graças a Companhia Italiana de Estradas de Ferro Ferrovie dello Stato (FS)
“A proposta foi recebida com entusiasmo e conseguimos, em pouco tempo, o apoio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil”, conta o médico, segundo informações da revista ‘Época’. Apesar da burocracia, prossegue Zoli, em seis meses conseguiu converter um antigo comboio doado pela companhia ferroviária em um mini-hospital.

A UTI móvel sobre trilhos foi apresentada aos italianos na última segunda-feira (8) em Roma, e já se encontra pronta para uso na Estação Pozzuolo Martesana, em Milão. Os 8 vagões foram completamente modificados internamente, uma transformação que exigiu esforço de técnicos, engenheiros e consultores do setor médico.
“É um mini-hospital com total autonomia. Três dos vagões abrigam 21 leitos de UTI para pacientes intubados e que necessitam do auxílio da chamada ventilação mecânica”, explicou o diretor do AREU, Alberto Zoli. “Destinamos também dois vagões para acomodar os equipamentos técnicos e gerador, e outros três dedicados à sala de operações, camas para os funcionários repousar e armazenamento de materiais e dispositivos médicos”.

O “trem sanitário”, como foi batizado pelas autoridades italianas, também será usado em para atender cidades que não possuam hospitais e em casos de emergência decorrente de calamidades públicas.
“Durante todo esse ano, para liberar leitos em alguns hospitais, tivemos de usar helicópteros e até aviões para transportar os doentes. O problema é que a capacidade máxima variava de 1 a 6 pacientes. Com o trem resolvemos o problema da quantidade”, lembra Zoli, que já recebeu ligações do governo francês e alemão para que o projeto seja implementado nestes países. “Esse é o primeiro trem convertido em UTI no nosso país e acredito seja também o único na Europa”.
Mini hospital
No total são oito vagões. Três de terapia intensiva, com capacidade para 21 pacientes, que irão contar sempre com um médico e quatro enfermeiros por vagão. Além dos respiradores mecânicos, o trem ainda conta com dez aparelhos de ultrassonografia, dois de gasometria arterial e câmaras de isolamento individuais. Até o momento, mais de 40 médicos e 100 enfermeiros foram formados para trabalhar na unidade móvel ferroviária.

“Em apenas uma hora e meia conseguimos aparelhar os vagões e partir. Nossa reserva de oxigênio é de mais de 400 mil litros e podemos percorrer até 2 mil km. A vantagem é que se houver algum problema técnico, basta parar em alguma estação e buscar soluções”, observa Zoli. (dados da revista Época)