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Editorial: Desastres e mobilização


Solidariedade e reconstrução. Estas duas palavras são as mais proferidas nas últimas semanas e devem se constituir no verbo mor para que possamos, cada um de nós, brasileiros, ajudar a reerguer o estado do Rio Grande do Sul e, sobretudo, o seu povo tão sofrido. Famílias perderam tudo, principalmente vidas amadas. As imagens são aterradoras. E as águas das chuvas ainda não dão trégua e se juntam ao frio que chega na estação. Há destruição de cidades inteiras promovida pelas enchentes dos rios e lagos da geografia gaúcha. A terra desliza sobre casa e mata. São números que impressionam, mas também assustam: Há mais de dois milhões de cidadãos afetados pela tragédia climática sendo que mais de meio milhão estão desalojados e outros quase 80 mil encaminhados para abrigos públicos improvisados às pressas pela Defesa Civil. A lista de mortos não para de crescer. Até o fechamento desta edição já somavam 164.
É fato que a crise climática que se acentua em todo o mundo tem como propulsora a irresponsabilidade da humanidade e, essencialmente, a de seus líderes nas últimas décadas. Mas é fato também que, no caso particular do Rio Grande Sul, o problema de cheias do rio Guaíba vem de longe, mais precisamente do já bem distante ano de 1941, quando se verificou uma grande enchente na capital Porto Alegre e muito antes de se discutir crise climática. No sul há um problema crônico que podia (e devia) ter sido contornado pelos governantes há muito tempo. Foi uma tragédia anunciada devido à falta de um plano exemplar e eficiente de contenção hídrica. As barreiras e bombas instaladas no leito do Guaíba para “proteger” Porto Alegre não recebiam a manutenção apropriada ou readequação tecnológica imprescindível para evitar o pior. A retomada social e econômica não será fácil.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) adverte que de cada dez negócios apenas um sobreviveu à tragédia. Porém, como provam as imagens mostradas pela imprensa, tudo está debaixo das águas e do barro que elas trouxeram. Nossa Comunità desde o início se mobilizou e clama a todos que ajudem o povo gaúcho, com grãos, com uma peça de roupa, com um galão de água, um agasalho… o povo do sul pede socorro.
Em solidariedade aos irmãos brasileiros, o governo da Itália manifestou condolências por meio de sua premier Giorgia Meloni. Aqui, a rede diplomática italiana está atenta em plena colaboração. Em Porto Alegre, o Consulado-Geral mantém campanha de arrecadação para doar mantimentos e itens de primeira necessidade. As cenas do jovem cônsul geral de Poa, Valerio Caruso, consternado diante das portas do Consulado com águas até a cintura rodaram o país. De Pernambuco, o Comites Nordeste também se mobiliza para enviar doações aos gaúchos. Nossa comunidade ítalo-brasileira está unida na dor.
A Itália, que tem grande tecnologia e experiencia com catástrofes naturais e passa inclusive neste momento por terremoto causado pelo vulcão Campi Flegrei, no sul do país, e fortes chuvas no norte, enviará ajuda em várias frentes.
A força da imigração italiana já foi mostrada inúmeras vezes pelo braço forte daqueles que chegaram aqui para as lavouras e ajudaram no desenvolvimento do país. O número de grandes empresas de famílias italianas no sul é emblemático. Que o Rio Grande do Sul volte logo a ser o estado pujante que sempre foi. Um estado decisivo para o país em todas as frentes culturais e econômicas.
Hoje somos todos gaúchos. Façamos a nossa parte.
Boa leitura!