Corpo do ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi é levado para crematório

O corpo do ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, morto na última segunda-feira (12) em função de uma leucemia crônica, foi levado nesta quinta (15) para um crematório. O cortejo fúnebre iniciado na mansão do ex-premiê em Arcore, nos arredores de Milão, foi recebido em Valenza, a 120 quilômetros de distância, por políticos e administradores locais, além de fãs e membros do partido Força Itália (FI), fundado e presidido pelo “Cavaliere” até o dia de sua morte.
“Quisemos vir aqui porque Silvio Berlusconi foi uma ótima pessoa. Nossa homenagem é sincera, independentemente das posições políticas”, disse uma das pessoas presentes diante do crematório.
A entrega das cinzas para a família está prevista para o fim da tarde desta quinta-feira. Premiê mais longevo da era republicana na Itália, Berlusconi deixou sua companheira, Marta Fascina, e cinco filhos: Marina, Pier Silvio, Barbara, Eleonora e Luigi.
Líderes de oposição criticam ‘beatificação’ de Berlusconi
Representantes da oposição na Itália criticaram nesta quinta-feira supostas tentativas de “beatificação” e “canonização” do ex-premiê Silvio Berlusconi. O falecimento do líder conservador fez o Parlamento suspender votações em plenário durante uma semana e levou à proclamação de luto nacional pelo governo de sua aliada Giorgia Meloni – algo inédito para um ex-premiê.
“O empenho político de muita gente nasceu na oposição ao berlusconismo. Hoje eu guio a comunidade democrática, levamos respeito ao funeral, mas não participaremos da beatificação de Berlusconi”, disse a líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), Elly Schlein, que foi à cerimônia fúnebre do ex-primeiro-ministro na última quarta (14).
“Pedir três dias de luto nacional é uma forçação de barra inoportuna. É natural reservar isso a pessoas que uniram a república, característica que não corresponde ao Berlusconi político”, acrescentou Schlein a uma emissora italiana.
Já o ex-premiê Giuseppe Conte, líder do populista Movimento 5 Estrelas (M5S), disse ter ouvido relatos de observadores estrangeiros “maravilhados com um país parado pela morte de Berlusconi e com uma cobertura midiática tão celebrativa que se torna unilateral”.
“Isso nos faz questionar os estilos e costumes culturais deste país”, acrescentou Conte, que não foi ao funeral de Berlusconi.
Riccardo Ricciardi, vice-presidente do M5S, fez coro e afirmou que a “narrativa televisiva” sobre a figura do “Cavaliere” se parece com uma “canonização”.
“Acreditamos que tal espetacularização não faz bem à informação nem à democracia. Aquilo que vimos nas TVs italianas foram três dias de uma verdadeira canonização, uma anomalia absoluta que não ajuda a imagem da Itália diante dos olhos do exterior”, ressaltou.
Empresário bem-sucedido nos setores imobiliário e de mídia, além de cartola vitorioso no comando do Milan, Berlusconi foi o premiê mais longevo da história republicana na Itália e protagonizou a vida política no país nas últimas três décadas. No entanto, também teve a trajetória marcada por dezenas de processos judiciais – incluindo uma condenação definitiva por fraude fiscal em 2013 – e escândalos sexuais. (com dados da Ansa)