Início » “Marginalizados e explorados”, jornal de maior circulação na Itália retrata emigração italiana

“Marginalizados e explorados”, jornal de maior circulação na Itália retrata emigração italiana

03 de outubro de 2024 - Por Comunità Italiana
“Marginalizados e explorados”, jornal de maior circulação na Itália retrata emigração italiana

O jornal italiano Corriere della Sera publicou uma reportagem especial sobre a emigração italiana. A reportagem reúne histórias, relatos e arquivos históricos em um pouco menos do que cinco mil palavras.

Confira o Início da matéria:

Marginalizados e explorados, a história “oculta” dos emigrantes italianos

Uma história (pessoal) como premissa

Há cem anos, o parmesão Attilio Monticelli, num dia não especificado do final de 1924, bateu a porta da casa dos pais, numa pequena aldeia de Val Parma, e, com uma passagem só de ida para as Américas no bolso, ele perdeu seus rastros. Durante trinta anos ninguém soube de nada. Então, em meados da década de 1950, um telegrama da embaixada italiana em Buenos Aires informou Volunia, sua última irmã viva, que Attilio havia morrido. Assim terminou um “drama” familiar que havia começado mais de cinquenta anos antes, com um pai que quase arruinou a família, esbanjando toda a sua fortuna com mulheres e jogos de azar, e que depois continuou entre os filhos, com Attilio acusando o irmão mais novo de ser pouco empreendedor e de ter matado uma empresa agrícola familiar já moribunda. O ressentimento foi tão forte que Attilio colocou um oceano inteiro e um silêncio teimoso entre ele e seu país de origem, o que o impediu de tomar conhecimento da morte de sua mãe, ocorrida um ano após sua partida, e mais tarde a de seu irmão, que também, por sua vez, emigrou para a França. Da mesma forma, em Val Parma, ninguém sabia nada sobre sua vida na Argentina. Volunia, ao longo da sua longa vida (faleceu em 1990 aos 96 anos), pensou que ele tivesse morrido sozinho e pobre, sem nunca ter conseguido apoderar-se da fortuna que o levou, como muitos outros italianos, a apostar tudo com um bilhete só de ida para o “fim do mundo”.

Mas o mistério sobre a vida argentina de Attilio foi resolvido quase cem anos depois, graças aos arquivos online dos mórmons (os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias têm o hábito bizarro, mas útil para os genealogistas, de viajar pelo mundo e fotografar os arquivos de registro para facilitar o batismo, segundo seu rito, de todos os falecidos). Durante a pandemia de Covid, quem escreve este artigo – e que é bisneto de Attilio – tropeçou por acaso na certidão de seu casamento, ocorrido em 1930 em Totoras, na província argentina de Santa Fé. Então, o tio da América tinha formado família: ele não tinha morrido sozinho e abandonado. Mais tarde, graças às redes sociais e ao posterior rebuliço argentino entre seus bisnetos, a história de Attilio foi finalmente reconstruída: tendo deixado a Itália, repreendendo sua família e amaldiçoando o novo regime, ele chegou à aldeia de Clarke, onde tentou em vão fazer fortuna. Lá ele teve, porém, uma filha, Olímpia, que aos 93 anos teve tempo de aprender, pouco antes de morrer em agosto passado, que seu pai não havia sido esquecido na Itália.

A história de Attilio, que começou há um século, é apenas uma das quase 30 milhões de histórias de italianos que deixaram a nossa península entre os séculos XIX e XX: um terço deles sem nunca mais regressar. Histórias de esperança e desespero, de fuga e chegada, de sucesso e decepções terríveis. Histórias de heróis e canalhas, de quem fugiu da fome ou da lei, de quem foi afastado pela guerra ou pela perseguição racial e política. Histórias que hoje se repetem para outros povos, mas que muitas vezes nos recusamos a compreender, embora sejam as nossas histórias, aquelas que esquecemos ou, pior, que queremos recordar apenas da forma que nos for mais conveniente.

Confira a reportagem completa aqui.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

Leia também outras matérias da nossa revista.



Comentários

ENQUETE

Você é a favor de diminuir o tempo requerido de 10 para 5 anos para imigrantes aplicarem para a cidadania italiana?
×

NOSSO E-BOOK GRÁTIS

SIGA NAS REDES

HORA E CLIMA EM ROMA

  • SunCloud
  • 10h40
fique por dentro

Não perca
nenhuma
notícia.

Cadastra-se na nossa ferramenta e receba diretamente no seu WhatsApp as últimas notícias da comunidade.